HÁ CEM ANOS, NAZARETH COMEMOROU O FIM DA I GUERRA MUNDIAL COM ‘VITÓRIA’

Pedro Paulo Malta 03.01.2019

Manchete de capa da edição de 13/11/1918 do jornal "O Paiz" / Reprodução: Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional

Foi em ritmo de marcha que Ernesto Nazareth lançou seu olhar sobre o fim da Primeira Guerra Mundial, há cem anos, no dia 11 de novembro de 1918, quando o Armistício de Compiègne decretou a vitória dos aliados sobre Alemanha, Império Austro-Húngaro e cia. “Vitória” foi o nome que ele deu à composição (‘Victoria’, no original), datada do dia 29 de dezembro de 1918, quando foi publicada pela Casa Bevilacqua, trazendo na capa o desenho de um soldado exultante.

Capa da partitura publicada em 29/12/1918 / Reprodução: site Ernesto Nazareth 150 anos

É curioso, no entanto, observar que o próprio Nazareth, nas anotações que deixou (segundo seu biógrafo, Luiz Antônio de Almeida), classificou a composição não como uma marcha, mas como um ragtime – gênero musical típico dos EUA da virada entre os séculos 19 e 20 e que, de certa forma, tem origem na marcha. As anotações parecem fazer mais sentido quando se ouve gravações da música como as de Rosária Gatti (2002), Alexandre Dias (2013) e Maria Teresa Madeira (2016), todas com uma certa sonoridade à Scott Joplin.

O verbete de “Vitória” no site Ernesto Nazareth 150 anos (leia aqui) informa também a possibilidade de uma primeira gravação da música, na década de 1920, mas da qual não se tem nada além de uma pista: um recorte de jornal contendo um anúncio informando que a música logo poderia ser encontrada entre os lançamentos da Odeon. Não há registro desse 78 rotações nos acervos de discos conhecidos.

Já os versos da partitura original – assinados pelo Dr. José Moniz de Aragão, auxiliar de gabinete do Barão do Rio Branco – seguem aguardando quem os grave, com suas estrofes que retratam o sentimento da época e seguiriam atuais dali a 20 anos, na Segunda Guerra Mundial: “O mundo inteiro, que se vê defenso / Contra o tirano do povo alemão / Nesta vitória deve ter o incenso / Que lhe perfume e suba ao coração.”

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