ENCANTADOR

COMPOSIÇÃO

1927 (Estimado)

1ª PUBLICAÇÃO

2008

Encantador, tango brasileiro composto por volta de 1927 e publicado postumamente em 2008 pelo portal Musica Brasilis. A edição publicada em 1968 pela Editora Arthur Napoelão consiste em uma montagem diferente, com enxertos que não correspondem aos manuscritos autógrafos, em que apenas os primeiros 12 compassos da parte A foram aproveitados. A parte C desta edição póstuma foi copiada da parte D do tango Feitiço, e a parte B é exclusiva da edição.

No mesmo álbum (Editora Arthur Napoelão, nº AN-2088, de 1968), constam outras partituras que foram alteradas em diferentes graus, como é o caso da valsa Genial, que possui "revisão, dedilhado e pedalização" do Maestro Gaó (Odmar Amaral Gurgel (1909-1992)) e que não é a versão original da peça, mas um arranjo com diversas alterações. Neste mesmo álbum de 1968 consta o tango Zênite, creditado a Nazareth, mas que na verdade é da autoria do Maestro Gaó, como ele próprio explicou em depoimento ao biógrafo Luiz Antonio de Almeida em 1988:. 

"(...) Um dia, Nazareth prometeu dedicar a mim uma música, o que jamais cumpriu. Eu, frustrado, resolvi, então, compor uma música bem ao estilo dele, para ficar no lugar daquela que ele nunca escreveu. O nome era Zenith [Zênite], e foi dedicada a um amigo meu, daqueles tempos, o João Portaro. Essa música chegou a sair publicada, mas, por incrível que possa parecer, saiu impressa como se fosse do próprio Nazareth. Mas, é minha!... Qualquer análise, ainda que superficial, vai mostrar que aquela harmonia não é do Nazareth (...)."

Com base nestas informações, é muito provável que a edição de 1968 do tango Encantandor seja na verdade uma colagem feita pelo Maestro Gaó, com a parte B composta por ele. Como apenas a primeira parte corresponde ao manuscrito autógrafo, é provável que a editora perdera as páginas referentes às partes B e C (e final da parte A). Sem outra saída para salvar a música, foi contratado um músico para compor uma das partes que faltavam, copiando a parte C de uma outra música.

Em seus dois manuscritos autógrafos Encantador não apresenta dedicatória. Portanto a dedicatória "a Louis Moreau Gottschalk" presente na edição de 1968 da Editora Arthur Napoelão foi acrescentada pelos editores postumamente, fenômeno presente em outras nove peças deste mesmo álbum.

Sua primeira parte, escrita no raro tom de si bemol meno, possui uma melodia sombria realizada inteiramente pela mão esquerda, tal como ocorre nos tangos Tenebroso e Odeon, enquanto a mão direita pontua o ritmo com acordes sincopados. Encantador foi gravado pela primeira vez em 1928 pela Simão Nacional Orquestra e até 2012 recebeu seis gravações, sendo duas delas baseadas na edição espúria de 1968.