NENÊ

COMPOSIÇÃO

1895 (Circa)

1ª PUBLICAÇÃO

1895

Nenê, tango brasileiro publicado em 1895 pela Casa Arthur Napoleão & Cia. e dedicado "ao amigo Dr. Jovino Barral da Fonseca". Segundo o biógrafo Luiz Antonio de Almeida, não se sabe a origem do título, podendo ser uma referência ao apelido de Maria Carolina, irmã do compositor falecida ainda jovem, a um apelido do próprio Dr. Jovino, ou ao apelido de sua ex-discípula Anna Rangel de Vasconcellos Moreira, jovem viúva conhecida por sua grande beleza e que foi apaixonada por Ernesto.

Recebeu letra de Catullo da Paixão Cearense, provavelmente ainda no século XIX, sob o título de Sertaneja. A edição de Sertaneja de 1968, pela Editora Arthur Napoleão, contém a dedicatória "Ao maestro Nicolino Milano (nenê)", que foi inserida postumamente pelos editores.

Era uma das peças mais tocadas pelo próprio autor, que a executou em diversos recitais ao longo da vida e inclusive a gravou em 1930 (78-RPM Odeon matriz 3940, cujo lançamento não foi aprovado pela gravadora na época, considerando-o "prova má"). Até 2012 recebeu 27 gravações, sendo uma de suas peças mais famosas.

O pianista e compositor Odmar Amaral Gurgel (Maestro Gaó), que tocou esta peça para Nazareth em 1926, contava que o compositor logo lhe chamou a atenção, dizendo que ele deveria fazer um tenuto logo no primeiro acorde (i.e. segurá-lo um pouco), como podemos ouvir na gravação do próprio Nazareth (depoimento de Carlos Eduardo Zappile Albertini, aluno de Gaó).

Letra de Catullo da Paixão Cearense

1ª parte

Sestrosa, dengosa, derriçosa, odorosa flor!...
Maldosa, formosa, sertaneja meu lindo amor!
Anjinho! Benzinho! Meu carinho! Meu beija-flor!...
Condena, sem pena, que minh’alma te adora o rigor!

2ª parte

Quando tu passas na orla do monte
Caminho da fonte, da tarde ao morrer,
Meu pranto rola por sobre a viola,
Que a noite consola no seu gemer!

3ª parte

Provocante, radiante, fascinante, ondulante,
Num teu fado ritmado, tu nos fazes até chorar!...
Logo a gente, a gente sente uns desejos dos teus beijos!...
Uns desejos dos teus beijos, que nos fazem até delirar!

1ª parte

Ingrata, ingrata, volve a mim um teu doce olhar!
Teu riso me mata!... Me maltrata... Me faz banzar!...
Desata, desata esse olhar do meu coração...
Ingrata... ingrata!... Suspirosa irerê do sertão!

2ª parte

Também se passas, formosa e tirana,
Por minha choupana da tarde ao cair,
Vou te seguindo na estrada arenosa,
Qual rola saudosa, a carpir... carpir!

1ª parte

Na dança deslizas e assim pisas mil corações!
Teu peito é o leito, doce leito das tentações!...
Teus olhos... Teus olhos, vagalumes de ingratidões!
Teus olhos... Teus olhos, - são queixumes das nossas paixões!